Cinema São Jorge

A Festa do Cinema Italiano é o acontecimento mais importante em Portugal dedicado à cultura italiana promovendo, além do cinema, música, literatura, arte e eventos gastronómicos.Em Lisboa, o festival realiza-se de 12 a 21 de abril, no Cinema São Jorge, no UCI El Corte Inglés, na Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema e, pela primeira vez, no recentemente reaberto Cine-Teatro Turim, em Benfica.

É preciso ter superpoderes para se amar toda a vida. Anna e Marco sabem-no bem. Ela é uma ilustradora com um carácter impulsivo, inimiga das convenções; ele é um professor de física convencido de que cada fenómeno tem a sua explicação. O que os mantém juntos é uma incógnita que nenhuma fórmula consegue revelar. Paolo Genovese lança-se numa duma dimensão sentimental e numa quimera, onde o verdadeiro protagonista é o tempo. 

Um filme emocionante sobre a busca pela redenção no seio de laços familiares problemáticos, Felicità leva-nos numa viagem de amargura e generosidade através dos olhos de Desirè.Na estreia como realizadora da atriz Micaela Ramazzotti, somos imersos na história dramática de uma família disfuncional, onde Desirè luta para encontrar a felicidade no meio da exploração, de relacionamentos abusivos e assédios. Em Felicità, a condição subalterna da protagonista é magistralmente retratada, mergulhando-nos na melancolia da sua existência. Interpretada pela própria Micaela Ramazzotti, que traz consigo a espontaneidade que marcou as suas personagens no passado. Este é um filme movido pela sinceridade, onde a realizadora expõe sua própria humanidade ao mesmo tempo que nos mostra o amor pelas suas personagens. Conquistou o Prémio do Público da Secção Orizzonti Extra no Festival de Veneza.

Mergulhe no extraordinário no espetáculo "Tudo é Possível"! O “One Man Show” Magic Douglas oferece uma mistura cativante de MÁGICA, POESIA e MARAVILHAMENTO, enriquecida com música e momentos divertidos repletos de cor, humor e verdadeiro stand up. 

Com O Rapto, Bellocchio ergue uma obra poderosa, tanto em termos de grandeza visual como de análise factual. Um filme de terror envolto em caridade cristã que abala as noções preconcebidas. Apresentado em competição oficial no Festival de Cannes e vencedor do Globo de Ouro italiano de melhor filme, Bellocchio brinda-nos com um olhar rigoroso sobre a complexidade das relações entre o Estado e a Igreja. A história centra-se no caso verídico de Edgardo Mortara, uma criança hebraica de seis anos que, em 1858, é retirada da casa dos pais pelas tropas do Papa Pio IX, por ter sido batizada em segredo e ser obrigada, segundo a Igreja Católica, a receber educação católica.O Rapto é um filme de violência não gráfica, mas hedionda, tornada ainda mais grotesca pelo sentido de direito moralista que está no cerne de toda a opressão. Uma reconstrução perfeita da época, rica em detalhes que nos mergulham num mundo controlado por um poder temporal omnipresente.

Uma história de amor e amizade que ousa voar alto, tal como o seu protagonista. Sobrevoando abismos existenciais, equilibrando-se na corda bamba de um realismo que parece desafiar as convenções do cinema ao casar-se ora com o surreal, ora com o grotesco.Pietro Castellitto descreve com maestria um meio social que conhece bem e sobre o qual aplica uma variedade de estratégias narrativas, por vezes extremas e imprudentes, mas sempre coerentes com a sua visão de cinema claramente inspirada em Paolo Sorrentino. Enea é um filme de gangsters sem gangsters. Uma história de género que transcende categorias. A droga e o submundo são apenas a sombra invisível de uma história que fala de outra coisa: um pai melancólico, um irmão que enfrenta conflitos na escola, uma mãe derrotada pelo amor e uma bela rapariga, um final feliz e uma morte feliz, uma palmeira que cai num mundo de vidro. No entrelaçar das fissuras do quotidiano, desenrola-se a aventura de Enea e Valentino, uma aventura que para os outros parecerá criminosa, mas que para eles é e será, antes de mais, uma aventura de amizade e de amor. Apresentado em Competição Oficial no Festival de Veneza.  

Com este filme, Moretti demonstra que ainda acredita no cinema. E dança, e canta ao som das notas de uma apoteose pungente. E nós com ele.Giovanni, um realizador italiano dividido entre uma mulher em análise e um produtor à beira da falência, deixou de acreditar no futuro. À imagem do seu protagonista, figura de proa da Unidade e da secção comunista de Quarticciolo, quer "acabar com tudo", com o mundo a avançar numa direção obstinadamente contrária.O Sol do Futuro é o fim e o princípio de alguma coisa, uma espécie de apoteose em que o autor materializa o seu pensamento sem entraves, se lança em breves e requintados discursos contra a violência no cinema, contra as plataformas, os sabots, a improvisação, Estaline, reduz a presunção, pede à mulher que não o deixe e, de repente, começa a cantar, a dançar, a dar pontapés numa bola. Deixa-se levar pela música e nós vamos com ele, os seus actores vão com ele, numa cortejo meta-cinematográfica morettiano.Giovanni, um realizador italiano dividido entre uma mulher em análise e um produtor à beira da falência, deixou de acreditar no futuro. À imagem do seu protagonista, figura de proa da Unidade e da secção comunista de Quarticciolo, quer "acabar com tudo", com o mundo a avançar numa direção obstinadamente contrária.O Sol do Futuro é o fim e o princípio de alguma coisa, uma espécie de apoteose em que o autor materializa o seu pensamento sem entraves, se lança em breves e requintados discursos contra a violência no cinema, contra as plataformas, os sabots, a improvisação, Estaline, reduz a presunção, pede à mulher que não o deixe e, de repente, começa a cantar, a dançar, a dar pontapés numa bola. Deixa-se levar pela música e nós vamos com ele, os seus actores vão com ele, num cortejo meta-cinematográfica morettiano.

INTERCÂMBIOSItália e Portugal em diálogo cinematográfico. Realizadores Italianos a filmar em Portugal.A luta dos trabalhadores rurais vista pela objetiva dum fotógrafo.Em 1975, um fotógrafo italiano testemunhou com a sua objetiva, a luta dos trabalhadores rurais de uma pequena aldeia perdida entre a lezíria ribatejana e a planície alentejana. A aldeia do Couço, hoje vila, dava por esses dias mais um passo na luta pelos direitos dos trabalhadores de não passarem fome e de saírem da miséria em que sempre viveram. Tomaram as terras dos grandes proprietários e tornaram-nas produtivas. Alguns latifundiários concordavam com a medida, mas a maioria classifica ainda hoje de ocupação selvagem o movimento que ficaria para sempre conhecido como Reforma Agrária. Fausto Giaccone, o fotógrafo de Milão que testemunhou esses tempos de grandes expectativas, de conturbadas rebeliões de um Portugal novo e de uma democracia frágil, regressa ao Couço 35 anos depois para reencontrar os protagonistas ainda vivos.

Giuseppe Fiorello retrata uma Sicília de contrastes, tanto na paisagem única como na mentalidade das pessoas. No centro da narrativa está a pureza de uma amizade e de um amor que floresce num ambiente repleto de tradições e preconceitos.Enquanto Gianni entrega uma encomenda a um cliente é atropelado por Nino, desencadeando uma amizade que poderá evoluir para algo mais profundo. No entanto, a Sicília rural dos anos 80 não é o lugar ideal para uma relação assim. Dedicado a Giorgio e António, vítimas do crime de Giarre em 1980, na província de Catânia, Stranizza d'amuri transporta-nos para uma jornada nostálgica e comovente. Mas não é apenas um filme sobre denúncias, mas sim um hino à vida e à liberdade de amar a si próprio, numa narrativa que nos envolve e nos emociona profundamente.O resultado é um filme poeticamente inesperado, genuíno e comovente, que recusa escolhas fáceis e simplificações maniqueístas. Não há bons nem maus, apenas uma história de amor multidimensional capaz de desafiar um sistema de valores estabelecido.

De Angelis reivindica com ambição e coragem o resgate como um valor fundamental da identidade italiana. Filme de abertura do Festival de Veneza, Comandante retrata a história verídica de Salvatore Todaro, comandante do submarino Cappellini da Real Marinha de uma Itália fascista. Durante a II Guerra Mundial, o submarino italiano afunda um navio belga como retaliação, mas o Comandante Todaro decide salvar os náufragos, prendendo-os ao seu submarino e arrastando-os até ao porto neutro e seguro de Santa Maria, nos Açores. Todaro aceita o risco de navegar emergido até ao destino porque a lei do mar é mais importante para ele do que a lei da guerra. Pierfrancesco Favino mantém-se firme no comando de uma história por vezes didática e grandiosa, cujo potencial cringe é notável nesta era de cinismo e desilusão. Apesar do risco de ser confundido com uma retórica superficial em torno do nacionalismo, o filme é na verdade um cavalo de Tróia, uma vez que a mensagem contida na sua embalagem colossal e bélica caminha numa direção obstinadamente contrária.

Na sua primeira obra, Abbruzzese apresenta-nos um filme que vai além dos padrões habituais, mergulhando profundamente nos traumas deixados pela guerra no subconsciente humano.Galardoado com o Urso de Prata para Melhor Contribuição Artística no Festival de Berlim, este filme transporta-nos para um universo onde os fantasmas são manifestações tangíveis das memórias dolorosas, assombrando aqueles que vivenciaram o conflito de forma visceral. Com uma atuação marcante de Franz Rogowski no papel de Aleksei, um bielorrusso que foge para França e se inscreve na Legião Francesa, somos levados a questionar o próprio sentido da existência. Este não é apenas mais um filme sobre estruturas militares e hierarquias rígidas; Abbruzzese segue os passos daqueles que, como Clint Eastwood com Flags of Our Fathers e Letters from Iwo Jima, mostraram a guerra sob perspetivas opostas, desafiando-nos a refletir sobre as complexidades do conflito e os seus impactos duradouros na psique humana.A acompanhar este devaneio mágico está uma poderosa banda sonora do músico electrónico Vitalic, que ajuda a transformar a discoteca num lugar de transcendência que se torna no destino final para aqueles que mantêm a sua visão firmemente colocada no horizonte sagrado da utopia.

Marco Carrera é a síntese de uma masculinidade feita de indecisões e de expectativas, de um desejo de "não fazer mal" e, por conseguinte, de uma passividade de algum modo culpada -e certamente carregada de remorsos.O Colibri é a história da vida de Marco Carrera, "o Beija-flor", uma vida de coincidências fatais, perdas e amor absoluto. Baseado no romance homónimo de Sandro Veronesi, vencedor do Premio Strega.A vida de Marco Carrera, médico e pai de família, decorre de forma aparentemente tranquila, mas na realidade está repleta de caminhos paralelos, coincidências falhadas, oportunidades perdidas e estradas não percorridas. A sua mulher, Marina, engana-o compulsivamente e acusa-o de ter um caso com Luisa Lattes, uma mulher ítalo-francesa que conheceu na sua juventude. E tem razão, porque Marco sempre teve com Luisa uma relação nunca consumada, daquelas que a realidade não consegue contaminar, mas que alimenta um desejo obstinado e uma paixão secreta. No meio de todas as problemáticas familiares está Marco, como o colibri: bate as asas freneticamente para se manter no mesmo sítio, enquanto à sua volta o mundo e as relações mudam inevitavelmente. O Colibri é a história da força ancestral da vida, da luta árdua que todos fazemos para resistir ao que por vezes parece insuportável. Mesmo com as armas poderosas da ilusão, da felicidade e da alegria.

INTERCÂMBIOSItália e Portugal em diálogo cinematográfico. Realizadores Italianos a filmar em Portugal.Existe um lugar, talvez o centro cultural mais escondido do mundo, talvez a sala de estar da Mira e Mané, talvez o local de conspiração de uma revolução, seguramente um bar. Vila Morena é pequena história da utopia que encontrámos no "Tejo Bar": a utopia da construção de uma nova família, ou da destruição da ideia de família, a utopia de estar juntos ou de estar sozinhos, mas juntos.

Num retrato desolador, Parroni mergulha-nos na angústia geracional, situando-a numa dimensão sócio-cultural precisa. Manifestações do sonho inquieto dos adolescentes, que adormecem com o smartphone na mão, num mundo ensurdecedor de televisão a volume alto.Brenda está grávida. Alex celebra os seus 19 anos, prestes a tornar-se pai. Kevin pinta tags pela cidade. Três jovens, cada um tentando deixar um legado no mundo, vagueiam entre o campo costeiro e a cidade eterna, enquanto enfrentam o avanço inexorável do tempo e do calor.Com grande habilidade, o realizador traz para o ecrã o vazio opressivo que sufoca os protagonistas. Este é um retrato impiedoso e lamentavelmente verídico da vida de muitos jovens, que, após a escolaridade obrigatória, se encontram sozinhos, sem perspetivas, sem bons exemplos, sem autoridade, sem trabalho, sem futuro. Vivem num eterno domingo, aborrecido, perigoso, sem rumo, sem segunda-feira à vista. O filme venceu o Prémio Especial do Júri e o Prémio FIPRESCI da Secção Orizzonti no Festival de Veneza.

La primavera della mia vita marca a estreia cinematográfica de Colapesce e Dimartino, uns dos os autores e músicos mais sofisticados e inovadores da cena italiana contemporânea.Lorenzo e Antonio eram grandes amigos e tinham alcançado o sucesso musical com o duo 'Os Metafísicos', mas Antonio desapareceu sem dar explicações. Três anos depois, Antonio entra em contacto com o agente do duo e oferece a Lorenzo um projeto misterioso que lhe renderá uma compensação de 90 mil euros (livres de impostos). Apesar da relutância, Lorenzo vai a Palermo onde se reencontra com Antonio, que lhe propõe escreverem juntos um livro sobre as lendas sicilianas. Os dois embarcam numa viagem de oito dias durante a qual encontram as personagens mais estranhas e excêntricas, com inesperadas aparições do mundo da música contemporânea. Um road-trip aventureiro, poético e surreal sobre a importância da amizade, da compreensão e aceitação das pessoas que nos rodeiam.Sessão Especial | Evento musical acústico com a presença de Colapesce Dimartino e do realizador Zavvo Nicolosì + Q&A

Pautados pelo ritmo das noites de salsa e merengue, de memórias partilhadas e tráfico de drogas, Júlio César e a sua mãe são inseparáveis e teimam em manter um estilo de vida cheio de amor opressivo.Vencedor do Prémio de Melhor Atriz, Melhor Argumento e o Prémio de Cinema Jovem na secção de Orizzonti do Festival de Veneza em 2023. El Paraíso é uma história quase mitológica onde amor e loucura se fundem através da força indomável na relação entre mãe e filho. Marcado por uma interpretação fabulosa de Edoardo Pesce e Marguerita Rosa de Francisco, mãe e filho partilham praticamente tudo: uma modesta casa, o escasso dinheiro proveniente do trabalho para um traficante local, e a paixão pelas noites de salsa e merengue. Essa existência na marginalidade, vivida com amor, é ao mesmo tempo simbiótica e opressiva, vê-se ameaçada com a chegada de Inês, uma jovem colombiana recém-regressada de sua primeira viagem como "mula" de cocaína. Entre o desejo e o ciúme, a situação desdobra-se rapidamente, levando Julio a um gesto extremo numa jornada dolorosa e inesquecível que o conduzirá pela primeira vez à sua terra natal.

Uma parábola pura e desprovida de retórica sobre a necessidade de assumir a responsabilidade pelos nossos actos.Candidato ao Óscar de Melhor Filme Internacional,  Eu, Capitão é um conto homérico sobre a intrépida viagem de dois jovens, Seydou e Moussa, que partem de Dakar com um sonho:  chegar à Europa. Uma Odisseia contemporânea que atravessa as armadilhas do deserto, os perigos do mar e as ambiguidades do ser humano. Na origem do filme estão os testemunhos verdadeiros daqueles que viveram este inferno e que viram a objectiva da câmara para a sua realidade, em perfeito contracampo com as imagens que estamos habituados a ver, na nossa perspetiva europeia. No relato pessoal de Seydou e Moussa, encontrámos uma imensidão de histórias que começam em Dakar, no Senegal, percorrendo um vasto caminho até Itália. Mas Eu, Capitão é um filme que fica suspenso entre o realismo e a componente visionária. Um objecto que podia ter sido um novo ponto de chegada, um local de aterragem diferente de um cinema que deixa apenas aflorar o atrevimento de uma nova filmografia deste cineasta. Em vez disso, também em contracampo, torna-se um outro ponto de partida, o início de uma outra viagem cheia de armadilhas, povoada por figuras ambíguas, sinistras e violentas.

Uma homenagem sentida a Monica Vitti, a mulher que conseguiu ser todas as mulheres possíveis, contando-as com as suas fraquezas e fragilidades, com o seu lado cómico e trágico.Mónica (Alba Rohrwacher) perde a memória e encontra uma forma de dar sentido à sua vida, identificando-se com as personagens dos filmes interpretados por Monica Vitti. Veste-se como ela, imita-a, recria cenas dos seus filmes. Edoardo, que a ama profundamente, deixa que este jogo se torne a sua nova realidade. Uma obra sobre a perda da memória afetiva e histórica, um filme que fala de fantasmas, e que, de certa forma, os evoca, os questiona, ou, simplesmente, quer passar tempo com eles. Realizado num estilo que recorda a Nouvelle Vague, com um trabalho excepcional de figurinos, cenários, montagem e efeitos sonoros. Alba Rohrwacher venceu com este papel o Prémio de Melhor Atriz do Festival de Cinema de Roma.

Stefano Sollima regressa à sua cidade natal para nos brindar com um western crepuscular numa Roma ainda mais cínica, caótica e feroz.Apresentado em competição no último Festival de Veneza, Adagio marca o novo passo do realizador de Suburra e Sicário, que conta o inexorável e pungente declínio de três velhas lendas do submundo criminal de Roma em busca de uma redenção impossível. Num mundo que dilacera laços familiares, amizades e fraternidades, deixando apenas vínculos movidos pelo dinheiro, a cidade é retratada como um cenário caótico, corrupto e cínico, sufocado por um calor escaldante, assombrado por incêndios e pela escuridão dos apagões. Mas há uma réstia de luz: a nova geração. 

“Tinha 17 anos no dia 25 de Abril de 1974 e sentia que as notícias que chegavam de Portugal eram minhas, como se estivesse lá a lutar. O mundo estava a mudar, tínhamos a certeza disso. Com o fim do imperialismo, aproximava-se a queda dos regimes que oprimiam a Europa. Cantávamos as canções de José Afonso como se fossem nossas, distribuíamos cravos nas casas, pronunciávamos os nomes dos dirigentes, entre os quais os mais famosos eram os de Cunhal e Mário Soares. A tão esperada primavera estava a chegar, de vez. Inverno nunca mais, em Itália, em Portugal e em todo o lado.” - Massimo ZamboniMassimo Zamboni - figura de proa do chamado punk italiano e fundador das bandas CCCP e CSI - apresenta na Festa do Cinema Italiano um momento de encontro entre duas datas simbólicas e sinónimas de revolução em Itália e Portugal: 25 de Abril, de 1945 e de 1974.Um espetáculo acompanhado por convidados, canções e leituras, em italiano e em português, promovendo um diálogo aberto e em construção sobre a liberdade de cantar, ler, e pensar.

Vem brincar e aprender algumas expressões em italiano com a cadelinha mais famosa de Itália! A Pimpa é uma cadelinha branca com grandes pintas vermelhas, orelhas compridas e a língua quase sempre de fora. É muito simpática e tem uma enorme imaginação!

Evento literário com a Livraria PienaEstate Caldissima, com a presença da autora Gabriella Dal Lago e moderação de Sara Cappai

Melpignano, 1988. Nesta pequena aldeia do sul da Itália dá-se o que veio a ser conhecido como “o primeiro desembarque oficial da nova armada musical soviética”.Quando o incrível se torna realidade. "Ao presidente Gorbachev, o vosso projeto interessa". Estávamos no ano de 1988 e na pequena aldeia de Melpignano, chegaram grupos de rock soviéticos que nunca antes tinham atravessado a Cortina de Ferro. Em março de 1989, as bandas italianas - lideradas pelos CCCP Fedeli alla Linea e Litfiba - retribuíram a visita em Moscovo e São Petersburgo. Através de material de arquivo e testemunhos - como os dos membros do CCCP que pela primeira vez depois de anos se reuniram -, descobriremos a incrível história da digressão que conseguiu construir uma ponte entre dois mundos por meio de uma linguagem que não necessita de intérpretes: a música.

A antestreia do filme Maria Montessori (La Nouvelle Femme), de Léa Todorov, com uma Sessão Especial na Festa do Cinema Italiano, serviu de mote para o encontro A Educação Segundo Maria Montessori. O encontro pretende explorar como o método Montessori tem sido implementado em creches e escolas portuguesas, considerando os seus benefícios e desafios, abordando diversos aspectos relevantes sobre a aplicação e impacto da pedagogia Montessori no país. 

Léa Todorov lança luz sobre a génese da abordagem Montessori numa primeira longa-metragem arrojada e inovadora sobre deficiência, diferença e feminismo no início do século XX.Estamos em 1900. Lili d'Aengy, uma coquete parisiense no auge do seu esplendor, foge de Paris para esconder a sua filha "idiota". Ao chegar a Roma, a sua vida muda drasticamente após o encontro com uma professora que implementou um novo e revolucionário método educativo para crianças com dificuldades de aprendizagem: Maria Montessori. No entanto, esta mulher vanguardista que pretende personificar publicamente a "mulher nova", uma mulher moderna e emancipada, deve pagar um preço muito alto: uma maternidade fora do casamento e escondida, que a levará a ter de tomar uma decisão muito dolorosa: o seu filho ou o seu destino? As duas mulheres ajudar-se-ão mutuamente a conquistar o seu lugar no mundo dos homens, e a fazer História. Um filme de época com um carácter novelesco, cujos temas gerais permanecem atuais, incluindo o frágil desejo de superar a vergonha social associada à diferença.

1ª Edição Premio COMITES Made in Italy O COMITES Portugal tem o prazer de apresentar a primeira edição do Prémio COMITES Made in Italy, dedicado aos italianos residentes em Portugal que tenham contribuído com sucesso para reforçar os laços entre a comunidade italiana e o país anfitrião, subdividido em quatro categorias - Cultura, Tradição, Inovação e Sociedade.

Provavelmente, é o filme mais maduro de Veronesi, que através de Shakespeare, tenta contar nuances incomuns do amor e refletir sobre o tema da identidade em geral, e não apenas e simplesmente de género.Rejeitada para o papel de Julieta, uma jovem atriz tenta a sorte novamente sob uma identidade falsa para provar o seu talento. É assim que se transforma em Otto Novembre, propõe-se para o papel de Romeu e consegue o papel. O que fazer a partir daí? Os bastidores do mundo do espetáculo mostram-se cheios de fascínio, tensão, intrigas e enganos, onde tiktokers são contratados, os atores não se distinguem uns dos outros e os realizadores não acompanham os tempos. O filme brinca com o estilo da comédia romântica mas o que sustenta verdadeiramente Romeo è Giulietta é um amor pela realização pessoal através da arte, uma proposta feita e magistralmente entregue por Sergio Castellitto e uma das novas grandes promessas do cinema italiano, Pilar Fogliati.

Saverio Costanzo brinda-nos com um intrigante, por vezes sombrio, ato de amor à última época de ouro do cinema italiano. Uma viagem vertiginosa ao coração da Hollywood Romana dos anos 50.Apresentado em Competição Oficial no último Festival de Veneza, Finalmente l’alba marca o regresso de Saverio Costanzo ao grande ecrã após o sucesso da série A Amiga Genial. Fá-lo com  um elenco de luxo; Joe Keery, Alba Rohrwacher e Willem Dafoe acompanham a memorável viagem de Mimosa (Lily James) no coração da Cinecittà dos anos 50. Uma noite quase onírica pelos lugares da dolce vita romana, entre atores de Hollywood e o seu séquito que fervilham no microcosmos do cinema. Mimosa é catapultada, não sem momentos de euforia, para um universo desprovido de regras (e escrúpulos), animado pelo narcisismo e pela rivalidade, mas também por uma fome de vida que vê na recém-chegada uma fonte de sangue vital. Finalmente l’alba é um filme sobre a redenção dos simples, dos ingénuos, daqueles que ainda são capazes de olhar para o mundo com deslumbramento. 

Emma Dante regressa à sua Sicília para retratar uma humanidade em carne e osso, nunca abstrata nem trivial, apresentando-nos uma tragédia arcaica com uma forte carga simbólica.Sicília, uma pequena aldeia à beira-mar no meio de lixo e destroços. Atrás, uma montanha majestosa. Aqui nasceu e cresceu Arturo, um filho da miséria e da violência, aqui a sua mãe morreu ao dar à luz. Betta, Nuccia e a jovem Anna, prostitutas como a sua mãe, cuidam dele como se fosse um filho, na misericórdia de um amor desesperado feito de carícias e impaciência, crueldade e ternura. Dedicada a um sistema de criação baseado na reelaboração do mito em forma de fábula, Emma Dante, uma das mais importantes encenadoras italianas,  insere na tradição do neorrealismo italiano uma forma puramente teatral em que o corpo é soberano, enérgico e faísca. Não se trata de uma representação naturalista da pobreza, da deficiência e da violência ancestral contra as mulheres, mas sim de um gesto artístico que se inspira na luz, no mar e nos elementos que o rodeiam.

Vem brincar e aprender algumas expressões em italiano junto com Geronimo Stilton! Um rato muito intelectual, formado em Ratologia da Literatura Rática e em Filosofia Arqueorrática Comparada. Dirige o Diário dos Roedores, o jornal mais famoso da Ilha dos Ratos. Nos tempos livres, Geronimo coleciona cascas antigas de queijo do século XVIII, mas sobretudo adora escrever livros.

La storia di Elsa Morante com Giulia Strippoli e Rosa Azevedo

Dive de Aldo Iuliano;Due de Matteo Di Liberato;Soluzione fisiologica de Luca Maria Piccolo;Cortile de Riccardo Stabilini;Les Rossignols de Juliette Saint-Sardos;We Should all be Futurists de Angela Norelli

Baseado no romance mais popular de Elsa Morante, La Storia lança um olhar para o fascismo e o pós-guerra em Roma através de um prisma feminino.A atriz Jasmine Trinca lidera um elenco notável, no qual a acompanham Asia Argento, Elio Germano e Valerio Mastandrea para contar a história de uma mãe solteira com dois filhos, um deles fruto de uma agressão sexual por parte de um soldado nazi, que esconde a sua herança judaica e luta contra a pobreza e a perseguição durante o final da Segunda Guerra Mundial e a Roma pós-guerra. Com esta série, Francesca Archibugi tenta retratar como pessoas comuns podem fazer história sem fazer nada extraordinário. Uma série que ressoa na atualidade onde guerras continuam a devastar a vida de milhares de mulheres e crianças em vários continentes do mundo. Sessão com dois episódios da Série

Uma canção antifascista, um grito de liberdade, uma balada. Cantada em todo o mundo e em todas as línguas, de Paris a Bogotá, Minsk, Mumbai, Cartum, Génova, Hong Kong, Istambul. "Bella Ciao" é narrada como a protagonista de um biopic.Com mais de um bilhão de visualizações online, "Bella Ciao" é a música italiana mais ouvida no mundo nos últimos anos. Como uma canção de luta e resistência, foi recuperada nos últimos 25 anos por dezenas de realidades de protesto, desde a Primavera Árabe aos protestos #occupy nos EUA e #occupy em Mumbai, desde a luta contra a globalização à luta contra as mudanças climáticas, desde os funerais dos cartunistas de Charlie Hebdo aos tumultos no Sudão e aos movimentos de rua no Líbano, Chile e Turquia.Ao mesmo tempo também se tornou um fenómeno pop típico da globalização: tornou-se o símbolo musical da série "La Casa de Papel", jingle para vender um produto no México, música para promover a Netflix na Arábia Saudita. Uma viagem sobre a canção símbolo da resistência e com uma fundamental conotação feminina.

Com Confidenza, Daniele Luchetti retorna a uma novela do autor italiano, Domenico Starnone, realizando o seu filme mais complexo e maduro. Onde há muito mais por detrás do thriller.Pietro, um professor de liceu amado pelos seus alunos, encontra o amor, no sentido pleno da palavra, com Teresa, uma antiga aluna. Quando ela lhe propõe que confiem um ao outro um segredo inconfessável, as coisas vão mudar para sempre. Esse momento que dura apenas alguns segundos irá uni-los e persegui-los para o resto das suas vidas. Luchetti sabe como pedir a um magistral Elio Germano (e o ator sabe como lhe devolver) a personalidade de um homem dividido, realizando plenamente uma representação física e palpável da má consciência de Pietro. O resultado é um filme que nos questiona e interroga profundamente sobre a natureza humana.Filme de encerramento da Festa do Cinema Italiano 2024

Um policial que se desenrola com grande conhecimento das características estilísticas do género, sem nunca descurar o fator humano.  Franco Amore é um polícia no seu último dia de trabalho, depois de trinta anos de serviço leal na polícia. Depois de fazer o seu discurso de despedida, no qual recorda que nunca matou ninguém, apesar de não lhe terem faltado missões perigosas. A sua nova mulher, a filha e os amigos organizaram-lhe uma festa surpresa quando, de repente, é chamado de volta ao serviço porque algo de muito grave aconteceu. Andrea Di Stefano realiza um filme de género que aborda o mundo do crime, sobre o qual seria um delito revelar um pouco mais do que uma breve sinopse.

Mergulhe nas profundezas dos Oceanos com "Secrets of the Sea", 14 de Junho às 10h00, e dia 15 de junho, às 21h, no Cinema São Jorge, Lisboa. Uma noite onde o véu dos oceanos é levantado pelo próprio Realizador Jonathan Bird. Entrada gratuita para as Escolas! Dia 14 de junho, às 10h A MacGillivray Freeman e a Portugal Dive promovem um evento cinematográfico único, marcado pela exibição do aclamado e premiado filme "Secrets of the Sea" no icónico Cinema São Jorge, em Lisboa. Este evento é uma experiência inigualável para os amantes dos Oceanos e do cinema: oferece a oportunidade rara de mergulhar nas profundezas dos oceanos através da lente do renomeado cinematógrafo Norte-americano Jonathan Bird. O que torna esta ocasião particularmente especial é a presença do próprio realizador, Jonathan Bird, que não só apresentará o filme, compartilhando insights sobre o processo criativo e os desafios enfrentados durante a filmagem, mas também permanecerá após a exibição para um momento de perguntas e respostas. Esta sessão interativa permitirá ao público aprofundar seu entendimento sobre os mistérios dos oceanos, o significado por trás das cenas capturadas e a importância da conservação marinha. "Secrets of the Sea" é uma celebração da beleza e da complexidade dos oceanos, visando inspirar e educar as audiências sobre a urgente necessidade de proteger os recursos naturais. A colaboração entre a MacGillivray Freeman e a Portugal Dive, escolhendo Portugal e especificamente Lisboa para este evento, sublinha o compromisso das organizações com a promoção da consciência ambiental e a divulgação da riqueza submarina que nosso planeta tem para oferecer. Este evento no Cinema São Jorge não é apenas uma exibição de filme; é uma plataforma para discussão, aprendizagem e celebração das maravilhas ocultas do mar, proporcionando ao público uma janela para os segredos ainda não descobertos dos oceanos e a chance de interagir diretamente com um dos mais visionários cineastas do nosso tempo. Mergulhe nas profundezas desconhecidas com "Secrets of the Sea", no Cinema São Jorge, Lisboa. Uma noite onde o véu dos oceanos é levantado pelo próprio Jonathan Bird. Descubra segredos subaquáticos num encontro único, onde cada cena promete inspirar e transformar. Após a exibição, o realizador convida ao diálogo, respondendo às suas questões, compartilhando aventuras e inspirando a próxima geração de exploradores. Quem sabe se na sala não estarão os exploradores subaquáticos do futuro? Não perca esta jornada épica ao coração dos oceanos. Venha sonhar, aprender e ser parte do futuro da exploração subaquática. Entrada gratuita para as Escolas! Dia 14 de junho, às 10h.Inscrições por e-mail para projetoeducativo@cinemasaojorge.pt.Dia 15 de junho, às 21h - público em geral

Em Aguenta o conceito é simples, cada microfone representa uma passagem do tempo. Neste intrigante espetáculo, o André transitará entre os microfones para falar sobre o seu passado, presente e futuro. Todos nós já passamos pelo passado e constantemente pelo presente, mas seremos nós capazes de aguentar o futuro?  

O Cinema São Jorge esteve a trabalhar com o CRID – Leiria para criar um guião pictográfico.