Cinema São Jorge

Curtas metragens que retratam a igualdade de género, crianças com deficiência que superam todos os obstáculos. MatildeVito Palmieri, 2013, 10’, LegendadoMatilde é uma criança inteligente. No entanto, algo na sala de aula a perturba. Conjugando as sugestões do seu professor, o interesse pelas ferramentas da mãe e a paixão pelo ténis, Matilde encontra uma solução original para alcançar a tranquilidade.A MoscaLa Mosca, Marco di Gerlando, 2015, 7’11’’, Sem diálogoPerante o desafio de desenhar um animal de nome começado por M, Carlotta experiencia um bloqueio artístico. RockyDaniele Pini, 2017,15', LegendadoUm amigo imaginário está destinado a ter uma vida curta. Como Leo tem uma paixoneta por uma menina da escola, Rocky sabe que o seu prazo de validade está a chegar ao fim. Mas quer sobreviver, mesmo que prejudique o seu melhor amigo. Valerá a sua sobrevivência mesmo a pena? 2 Pés EsquerdosDue Piedi Sinistri, Isabella Salvetti, 2015, 6’, LegendadoNum bairro histórico de Roma, Mirko joga à bola com os seus amigos enquanto Luana espera pelo seu pai. Acabam por se falar, num encontro cheio de equívocos surpreendentes! Luce e EuLuce & Me, Isabella Salvetti, 2019,10’, LegendadoUm rapaz de 10 anos está no carro com o pai, um fanático do clube de futebol Roma. Eles estão atrasados, o derby está prestes a começ ar, mas primeiro têm que ir a outro lugar.

Amor, ternura e sexualidade. Durante três anos, Silvano Agosti conheceu e questionou a população de Parma sobre três elementos constitutivos do sentimento de amor. O projecto “D’amore si vive” começou por ser uma série de filmes feitos para televisão (num total de quase nove horas) mas mais tarde o material recolhido foi editado para este formato de longa-metragem de hora e meia, exibido na televisão italiana em 1984. Filmado na cidade de Parma, o filme examina em detalhe o funcionamento do amor, especialmente entre os mais rejeitados da sociedade. Histórias que, ainda hoje, impressionam pela extraordinária espontaneidade dos protagonistas ao contarem os detalhes mais íntimos das suas vidas. Silvano Agosti, colaborador noutros filmes de realizadores avant-garde e de esquerda, foi produtor do icónico “Il pianeta azzurro” e um dos realizadores de “Matti da Slegare”, em colaboração com Marco Bellocchio e outros realizadores.

Entre os anos 50 e os anos 80, Luciano Salce realizou dezenas de comédias italianas, género de que ele foi, se não um dos mais famosos, um dos mais prolíficos realizadores. Pato com Laranja, no original L'anatra all'arancia, é o seu filme mais conhecido em Portugal - e ainda há muita gente à espera de saber "como é que acaba", depois da infame exibição na televisão nacional portuguesa. Ugo Tognazzi e Monica Vitti protagonizam esta paródia do matrimónio e da masculinidade, de resto temas regulares na commedia all'Italiana.Pato com Laranja foi transmitido pela primeira vez na RTP1, na Noite de Cinema, dia 21 de setembro de 1983, em pleno horário nobre. Quando o filme foi para o ar, logo após o Telejornal, chegaram à redação da RTP vários telefonemas de telespectadores revoltados, a insultarem o filme devido a algumas cenas de nudez. Hoje em dia, ninguém ligaria nenhuma ao plano em que a atriz Barbara Bouchet mostra o rabo nu, porém na altura tornou-se num assunto sério.

Após grandes mudanças como a lei do divórcio e a do aborto, Luigi Comencini conduz uma investigação entre velhos e jovens, sul e norte, ricos e pobres, para contar os aspectos mais quotidianos e paradoxais do amor, segundo os italianos. Trinta e duas entrevistas em cinco episódios foram exibidos em 1978 na televisão nacional italiana. A 15ª Festa do Cinema Italiano exibe dois desses episódios - “Innamorati” e “Che cos'è l'educazione sessuale”

Exibido no Festival de Cannes, Marx può aspettare é um documento extraordinário, uma síntese do cinema de Marco Bellocchio e, ao mesmo tempo, uma revelação profundamente íntima da personalidade do realizador e da trágica história do seu irmão gémeo. Camillo morreu em 1968. Quase cinquenta anos depois, Marco reúne toda a família para um almoço. Junto da sua família, ele pergunta-se sobre Camillo, o seu irmão gémeo que se suicidou quando tinha apenas 29 anos. Irmãos. Netos. A irmã da namorada da época. Um psiquiatra. Um padre. Falando com cada um deles, e relembrando aqueles anos e aqueles factos, Marco Bellochio reconstrói os pedaços do passado, finalmente dando corpo a um fantasma com o qual lidou ao longo da vida. O realizador que recebeu a Palma de Ouro honorária em 2021, através da sua família, revive a história do seu irmão, sem filtros ou pudores, quase em jeito de investigação, reconstruindo uma época e as pessoas que refletem grande parte do seu cinema.

A amizade entre um professor de piano napolitano e um jovem membro da Camorra que está em fuga está no centro da nova longa-metragem de Roberto Andò, uma tocante adaptação de um romance do próprio realizador que teve honras de encerramento do 78º Festival de Veneza. Gabriele Santoro, interpretado por Silvio Orlando, vive num bairro operário de Nápoles e é professor do Conservatório, onde ensina piano. Certa manhã, uma criança de dez anos entra furtivamente no seu apartamento para se esconder. “Il maestro” — como é conhecido no bairro — reconhece o intruso como Ciro, um menino que mora com os pais e irmãos no sótão do mesmo prédio, filho de um mafioso da Camorra. Um filme feito de silêncios e olhares, mas também repleto de reviravoltas dramáticas e problemas reais, no contexto alucinado de uma cidade dominada por um submundo do crime que opera em paralelo com as pessoas mais honestas, até os seus caminhos colidirem.