Cinema São Jorge

Curtas metragens que retratam a igualdade de género, crianças com deficiência que superam todos os obstáculos. MatildeVito Palmieri, 2013, 10’, LegendadoMatilde é uma criança inteligente. No entanto, algo na sala de aula a perturba. Conjugando as sugestões do seu professor, o interesse pelas ferramentas da mãe e a paixão pelo ténis, Matilde encontra uma solução original para alcançar a tranquilidade.A MoscaLa Mosca, Marco di Gerlando, 2015, 7’11’’, Sem diálogoPerante o desafio de desenhar um animal de nome começado por M, Carlotta experiencia um bloqueio artístico. RockyDaniele Pini, 2017,15', LegendadoUm amigo imaginário está destinado a ter uma vida curta. Como Leo tem uma paixoneta por uma menina da escola, Rocky sabe que o seu prazo de validade está a chegar ao fim. Mas quer sobreviver, mesmo que prejudique o seu melhor amigo. Valerá a sua sobrevivência mesmo a pena? 2 Pés EsquerdosDue Piedi Sinistri, Isabella Salvetti, 2015, 6’, LegendadoNum bairro histórico de Roma, Mirko joga à bola com os seus amigos enquanto Luana espera pelo seu pai. Acabam por se falar, num encontro cheio de equívocos surpreendentes! Luce e EuLuce & Me, Isabella Salvetti, 2019,10’, LegendadoUm rapaz de 10 anos está no carro com o pai, um fanático do clube de futebol Roma. Eles estão atrasados, o derby está prestes a começ ar, mas primeiro têm que ir a outro lugar.

Este cínico e irónico retrato da Itália pós milagre económico é, sem sombra de dúvida, um dos filmes mais representativos do estilo cinematográfico de Dino Risi.Dividido em 20 capítulos de duração variável, o filme evidencia de forma humorística os vícios, defeitos, hipocrisia e paradoxos da sociedade Italiana dos anos 60. Este cínico e irónico retrato da Itália pós milagre económico é, sem sombra de dúvida, um dos filmes mais representativos do estilo cinematográfico de Dino Risi. Uma crítica social que atravessa todas as classes e não deixa ninguém impune. Uma jóia absoluta da commedia all’italiana protagonizada por Vittorio Gassman e Ugo Tognazzi, presentes em todos os capítulos.

La Napoli di mio padrede Alessia BottoneItália, 2021, 20', Legendas Português, Documentário, Biografiacom Giuseppe BottonePor meio de imagens de arquivo e uma narração sóbria, La Napoli di mio padre leva-nos de volta ao tempo em que as grandes cidades eram uma grande família. The Nightwalkde Adriano ValerioItália, 2021, 15', Legendas Português, DocumentárioJarvis tinha acabado de se mudar para o seu novo apartamento em Xangai, quando a pandemia começou. Com dificuldades para lidar com a solidão, começa a ter pensamentos sombrios e ansiosos. L'ultimo spegne la lucede Tommaso SantambrogioItália, 2021, 20', Legendas Português, Dramacom Valentina BellèYuri, Casagrande Conti, Claudio AbbiatiAo regressar de um jantar, um jovem casal fica subitamente trancado fora de casa. Enquanto o cão ladra do outro lado da porta, e o cansaço e a frustração aumentam, esta situação traz ao de cima os problemas no relacionamento do casal. Il turnode Chiara Marotta & Loris Giuseppe NeseItália, 2021, 14', Legendas Português, Dramacom Rossella di Martino, Rachel Emanuel, Vanda Taiani CirilloAnna e Lucia cuidam de Maria, uma idosa acamada que vive numa casa grande, antiquada e silenciosa. Anna cuida de Maria durante o dia, enquanto Lúcia tem o turno da noite: a mudança de turno é o único momento em que as duas jovens se encontram mas as diferenças entre elas sentem-se diariamente. Ofeliade Pierfrancesco BigazziItália, 2021, 11', Legendas Português, Documentáriocom Ofelia BorgheresiOfelia tem 92 anos e as suas memórias nebulosas continuam a desaparecer. A única maneira de desacelerar a ação imparável do tempo é documentar o presente e redescobrir o passado nas velhinhas películas Super 8.

Rosa é uma jovem inquieta e rebelde, que vive com a avó e o tio numa cidade da Calábria, entre montanhas e rios secos. Para Rosa, chegar à idade adulta significa trair a sua família e procurar a vingança, mas quando esta família é a 'Ndrangheta - uma organização mafiosa - cada passo pode ser fatal. Francesco Costabile estreia-se nas longas-metragens com um poderoso drama, com toques de terror psicológico, sobre a rebelião de uma mulher em luta contra as estruturas arcaicas da máfia. A beleza e a violência andam de mãos dadas e a paisagem selvagem da Calábria é o pano de fundo desta primeira obra impressionante, inspirada no livro de investigação “Fimmine ribelli” sobre a violência contra as mulheres no seio de famílias que pertencem à 'Ndrangheta, a associação mafiosa que se formou na região da Calábria e que é hoje uma das organizações criminosas mais influentes, poderosas e perigosas do mundo. Exibido na secção Panorama do Festival de Cinema de Berlim, o primeiro filme de Costabile estreou em simultâneo nos cinemas italianos.

Avere Ventannide Massimo CoppolaItália , 2004, Legendas Português , documentário televisivo Avere Ventanni é uma série de documentários transmitidos entre 2004 e 2007 na MTV Itália e depois no canal LA7, concebidos e realizados por Massimo Coppola. Um programa que trouxe a juventude italiana para os ecrãs de televisão nos anos de Berlusconi. Tabus, manias, sonhos e raivas da geração MTV, Avere Ventanni é um retrato da vida quotidiana dos jovens italianos abaixo dos 30 anos. Romeo e Giuliettade Massimo CoppolaItália, 2015, 56, Legendas Português, Documentáriocom Massimo Coppola, Valerio Mastandrea, Mary Monrovich, Hasib Omerovich Nino e Mary têm dezesseis anos e moram em Roma, num acampamento nómada em Tor de' Cenci. Massimo Coppola encena Romeu e Julieta num lugar onde a história contada por Shakespeare ainda é absurdamente atual: um acampamento cigano. Nino e Mary têm dezesseis anos e moram em Roma, num acampamento nómada em Tor de' Cenci. Esta é a história da tentativa de encenar Romeu e Julieta num lugar onde a história contada por Shakespeare ainda é absurdamente atual - Nino e Maria pertencem a duas famílias inimigas que querem impedi-los de estarem juntos. Um curto mas pertinente documentário, realizado por Massimo Coppola.

Uma história de amor e como todas as histórias de amor, um thriller. Os irmãos D'Innocenzo sabem fazer grande cinema e mais uma vez provam que filme após filme não se apoiam em padrões repetíveis e que estão empenhados em inquietar não só o público, mas também eles próprios. Massimo Sisti é proprietário de uma clínica dentária que tem o seu nome. Profissional, cortês e calmo, conseguiu tudo o que poderia ter desejado: uma villa enorme num ambiente tranquilo e uma família que o ama e que lhe faz companhia ao longo dos dias, dos meses, dos anos. A sua mulher Alessandra e as filhas Laura e Ilenia são a sua razão de ser, a sua felicidade, a recompensa por uma vida enraizada no auto-sacrifício e honestidade. É então que o imprevisto irrompe nesta primavera imperturbável e calma: num dia como qualquer outro, Massimo desce à sua cave e o absurdo toma conta da sua vida. America Latina, dos irmãos Damiano e Fabio D'Innocenzo, foi apresentado na competição oficial do 78º Festival de Veneza e recebeu rasgados elogios.

La veduta luminosa convida-nos a “passear” pela Floresta Negra com Emmer, um realizador intransigente que pretende fazer um filme sobre Friedrich Hölderlin. La veduta luminosa convida-nos a “passear” pela Floresta Negra com Emmer, um realizador intransigente que pretende fazer um filme sobre Friedrich Hölderlin. Interpretada por Catarina Wallenstein, a assistente de produção não poderia ser mais diferente de Emmer mas é precisamente dessa distância que surgirá a força de uma cumplicidade inesperada. O filme, exibido no Fórum da última Berlinale, mergulha progressivamente numa zona suspensa, é um passeio maravilhoso pela floresta que confronta Emmer com os mistérios incontáveis da natureza e da vida.

O romance Una questione privata foi publicado pela primeira vez em Abril de 1963, dois meses após o falecimento do autor, juntamente com Un giorno di fuoco, pela Garzanti. Embora a redacção do romance tenha começado em 1960 e continuado até finais de 1961 (conforme as testemunhas epistolares do próprio Fenoglio), a seguir a essa data não há mais referências directas do autor a esta obra, acabando por ficar inédita durante a sua vida.

Mondocane, uma história pós-apocalíptica de violência, crueldade e inocência perdida é o filme de estreia de Alessandro Celli, produzido por Matteo Rovere que ultimamente tem injetado alguma energia no cinema de género italiano. No futuro, a cidade de Taranto foi isolada do resto do país e evacuada devido aos danos causados pela siderurgia. Dentro das cercas, gangues criminosos lutam pelo controle do território. Entre eles o Formiche, um exército de miúdos liderados pelo temível Testacalda. Enquanto do lado de fora a polícia tenta manter a ordem, os dois adolescentes Pietro e Christian entram em contato com o grupo e atraem a atenção de Testacalda, que terá que escolher qual dos dois rapazes colocar sob a sua alçada.Mondocane é um sólido exercício que mistura o tom pós-apocalíptico com o cyberpunk, pessimista tal como o género exige, num cenário distópico onde Roma já não é a capital.

Exibido no Festival de Berlim, é a empolgante história humana, artística e empresarial do estilista Salvatore Ferragamo, da província de Avellino, ao encontro com Hollywood, contada pela lente de Luca Guadagnino. Nascido em Bonito em 1898, no seio de uma numerosa família camponesa, Salvatore Ferragamo desde cedo encantou-se com a magia ligada à arte de criar sapatos. Determinado a perseguir o seu sonho, emigrou muito jovem para a Califórnia, durante a era do cinema mudo em Hollywood. Durante a sua ligação a Hollywood, Ferragamo desenhou sapatos para estrelas do cinema como Marilyn Monroe ou Judy Garland, contribuindo para a longa relação entre a indústria da moda e o cinema. Luca Guadagnino reúne inúmeros depoimentos inéditos, materiais e várias intervenções de especialistas em moda, figurinos e cinema, entre os quais Christian Louboutin, Manolo Blahnik e o realizador Martin Scorsese. Um filme que revela o encanto de uma figura complexa, um ícone da moda italiana e mundial que nunca perdeu de vista a importância dos laços familiares.

Um menino iraquiano tenta cruzar a fronteira entre a Turquia e a Bulgária para chegar à Europa, mas é imediatamente parado na fronteira pelas forças policiais que muitas vezes se unem ao crime organizado. É então que foge para a floresta, numa luta pela sobrevivência. “Europa”, escrito e realizado pelo filho de um imigrante iraquiano e mãe italiana, fala-nos da experiência da migração. O realizador Haider Rashid elimina qualquer distância entre o espectador e o seu protagonista, lançando-nos numa experiência imersiva: sentimos o calor, a fome, a fadiga e, acima de tudo, o terror. Os inimigos aparecem de repente diante dos seus olhos e dos nossos, e são inimigos sem identidade, corpos armados sem nomes.Europa é quase um filme mudo, exceto pelos sons da respiração ofegante do protagonista e pelos tiros que ocasionalmente perfuram o silêncio da floresta. Cinematograficamente, a experiência de “Europa” evoca filmes como o húngaro “O Filho de Saúl”: uma jornada de obstáculos através do inferno, que sentimos com todos os cinco sentidos.

Lovely Boy é uma parábola clássica de ruína e renascimento que mostra a dificuldade de crescer, em qualquer idade, e as cicatrizes que ficam quando finalmente se consegue ser adulto. Nic, também conhecido como Lovely Boy, forma a dupla XXG com seu amigo Bornéu e é uma estrela em ascensão da cena musical trap em Roma. Apático e desinteressado por tudo - a família, a namorada grávida, os produtores que o bajulam - Nic está perdido numa espiral de drogas e de autodestruição que o leva a deitar tudo fora.O filme, escrito pelo próprio realizador Francesco Lettieri e por Peppe Fiore, percorre vários blocos narrativos cruzados que se focam numa existência perdida, entre um presente a ser reconstruído e um passado a deixar para trás. Lovely Boy, a segunda longa-metragem do realizador, é acima de tudo a história de uma reeducação para a vida.

Sob a capa de “filme de prisão”, a câmara de Leonardo Di Costanzo mergulha no labirinto da verdadeira natureza humana. Um thriller poderoso, embora subtil, sobre as dinâmicas de relação entre os prisioneiros e os guardas. Uma prisão construída no século XIX, localizada numa parte remota e não especificada do território italiano,vai ser desativada. Numa atmosfera suspensa, alguns guardas prisionais e presidiários ficam à espera de serem transferidos para outras instalações mas gradualmente surgem novas dinâmicas de relacionamento e as antigas regras da prisão parecem fazer cada vez menos sentido. Jogando com a multiplicidade de pontos de vista e com o espaço, porque as próprias paredes do edifício contam estórias, o terceiro filme de Leonardo Di Costanzo oferece-nos um confronto metafórico entre vigias observados e um duelo de grandes interpretações entre os atores Toni Servillo e Silvio Orlando. Cada plano de Di Costanzo quebra as distinções entre guardas e prisioneiros, revelando a crueldade e as contradições que existem no coração de qualquer sistema penitenciário.

Rosa é uma jovem inquieta e rebelde, que vive com a avó e o tio numa cidade da Calábria, entre montanhas e rios secos. Para Rosa, chegar à idade adulta significa trair a sua família e procurar a vingança, mas quando esta família é a 'Ndrangheta - uma organização mafiosa - cada passo pode ser fatal. Francesco Costabile estreia-se nas longas-metragens com um poderoso drama, com toques de terror psicológico, sobre a rebelião de uma mulher em luta contra as estruturas arcaicas da máfia. A beleza e a violência andam de mãos dadas e a paisagem selvagem da Calábria é o pano de fundo desta primeira obra impressionante, inspirada no livro de investigação “Fimmine ribelli” sobre a violência contra as mulheres no seio de famílias que pertencem à 'Ndrangheta, a associação mafiosa que se formou na região da Calábria e que é hoje uma das organizações criminosas mais influentes, poderosas e perigosas do mundo. Exibido na secção Panorama do Festival de Cinema de Berlim, o primeiro filme de Costabile estreou em simultâneo nos cinemas italianos.

O italiano revelou-se, ao longo da história, como uma das línguas principais da cultura e da arte nas suas multíplas declinações. Língua de poetas admiráveis que ditaram modelos e gostos por toda a Europa do Renascimento, língua da arte, num País onde o património artístico ocupa uma vasta área do seu território, língua franca do comércio e da navegação no Mediterrâneo antigo das costas de Espanha até as ruelas de Constantinopla, língua da música clássica e da Ópera que nasceu cantada em italiano, língua do teatro da commedia dell'arte à dramaturgia contemporânea, língua da moda e do design de vanguarda e, por fim, língua da eno-gastronomia mais refinada. A Festa do Cinema Italiano em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, para cultivar o interesse e o amor pela língua italiana propõe e oferece uma aula de italiano para principiantes que queiram aprender algumas palavras com a ajuda de dois colossos que ganharam vida após o seu fortuito encontro no mar Jónico, a 16 de agosto de 1972.

Um drama maduro sobre a elaboração do luto e a relação com o outro, “Atlas” é um filme de tirar o fôlego e a segunda longa-metragem de Niccolò Castelli, que conta com a interpretação da atriz e cantora Matilda De Angelis. Apaixonada por escalada, Allegra decide marcar uma viagem para Marrocos para alcançar o topo da cordilheira Atlas. A sua viagem termina abruptamente quando um homem explode uma bomba num café onde estavam os seus três amigos, que morrem no ataque terrorista. Aniquilada pelo sentimento de culpa e pelo desejo de vingança, ela recolhe-se na sua solidão. Para voltar a desfrutar da vida feliz que levava, Allegra vai empreender uma longa luta contra si mesma e é nesse contexto que conhece Arad, um jovem refugiado do Médio Oriente. Neste drama de Niccolò Castelli sobre o luto e renascimento, a jovem atriz e cantora Matilda De Angelis prova que é uma das melhores promessas do novo cinema italiano.

Em agosto de 1961, os jovens membros do Grupo Espeleológico Piemontês dirigem-se para o sul. Na Calábria, e descendo às profundezas da terra, vão descobrir a segunda gruta mais profunda do mundo: o Abismo de Bifurto. Ambientado na década de 1960, durante o boom económico em Itália, “Das Profundezas” reconstitui a jornada de um grupo de jovens espeleólogos que encontra pela primeira vez o fundo do Abismo do Bifurto, 700 metros abaixo da terra, uma das cavernas mais profundas do mundo, no interior intocado da Calábria. O novo filme de Michelangelo Frammartino, que recebeu o prémio especial do júri no 78º Festival de Veneza, é uma maravilhosa meditação sobre a curiosidade fundamental de compreender as profundezas incognoscíveis do mundo natural. Frammartino devolve a tridimensionalidade à tela, deixando que a própria natureza e a humanidade se revelem de acordo com os seus ritmos, e que sejam os seus sons e não os diálogos que falam.

Mondocane, uma história pós-apocalíptica de violência, crueldade e inocência perdida é o filme de estreia de Alessandro Celli, produzido por Matteo Rovere que ultimamente tem injetado alguma energia no cinema de género italiano. No futuro, a cidade de Taranto foi isolada do resto do país e evacuada devido aos danos causados pela siderurgia. Dentro das cercas, gangues criminosos lutam pelo controle do território. Entre eles o Formiche, um exército de miúdos liderados pelo temível Testacalda. Enquanto do lado de fora a polícia tenta manter a ordem, os dois adolescentes Pietro e Christian entram em contato com o grupo e atraem a atenção de Testacalda, que terá que escolher qual dos dois rapazes colocar sob a sua alçada.Mondocane é um sólido exercício que mistura o tom pós-apocalíptico com o cyberpunk, pessimista tal como o género exige, num cenário distópico onde Roma já não é a capital.

As Quatro Voltas é uma visão poética sobre os ciclos da vida e da natureza e sobre as inquebráveis tradições de um local intemporal. A história de uma alma que se desloca através de quatro vidas consecutivas. Um velho pastor vive os seus últimos dias numa velha aldeia medieval empoleirada nas encostas da Calábria, no ponto mais a Sul da Itália. Ele pastoreia cabras sob o mesmo céu que outros habitantes abandonaram há já muito tempo. Está doente, e acredita ter encontrado o remédio milagroso na poeira que apanha no chão da igreja, e que bebe dissolvido em água todos os dias.Um cabrito nasce. Seguimos as suas primeiras tentativas para andar, as suas primeiras brincadeiras, até este ganhar força e partir para o pasto com o resto das cabras. Bem perto, um majestoso abeto baloiça ao sabor da brisa da montanha e altera-se lentamente ao longo das estações.A árvore está agora no chão. Foi reduzida ao seu próprio esqueleto e é transformada em carvão através do ancestral trabalho dos carvoeiros locais. O nosso olhar perde-se no fumo das cinzas.As Quatro Voltas é uma visão poética sobre os ciclos da vida e da natureza e sobre as inquebráveis tradições de um local intemporal. A história de uma alma que se desloca através de quatro vidas consecutivas.

Concerto Salvador Sobral - Homenagem a Franco Battiato Fã confesso da música e cinematografia italianas, Salvador Sobral apresenta um concerto único criado especialmente para a Festa do Cinema Italiano, onde revisita o repertório de Franco Battiato. Uma noite de homenagem em torno da música de um dos mais notáveis cantautores italianos. Salvador Sobral – VozDiogo Duque – Trompete e Flauta TransversalDiogo Picão – Voz e SaxofoneFrancesco Valente – ContrabaixoOlmo Marín – Voz e Guitarra Este concerto será seguido pela exibição do filme Temporary Road - (una) vita di Franco Battiato de Giuseppe Pollicelli e Mario Tani, um documentário que retrata de forma íntima a vida deste artista obstinadamente revolucionário, através de uma entrevista, imagens de arquivo e excertos dos concertos.

Lovely Boy é uma parábola clássica de ruína e renascimento que mostra a dificuldade de crescer, em qualquer idade, e as cicatrizes que ficam quando finalmente se consegue ser adulto. Nic, também conhecido como Lovely Boy, forma a dupla XXG com seu amigo Bornéu e é uma estrela em ascensão da cena musical trap em Roma. Apático e desinteressado por tudo - a família, a namorada grávida, os produtores que o bajulam - Nic está perdido numa espiral de drogas e de autodestruição que o leva a deitar tudo fora.O filme, escrito pelo próprio realizador Francesco Lettieri e por Peppe Fiore, percorre vários blocos narrativos cruzados que se focam numa existência perdida, entre um presente a ser reconstruído e um passado a deixar para trás. Lovely Boy, a segunda longa-metragem do realizador, é acima de tudo a história de uma reeducação para a vida.

Depois do sucesso de “Perfidia”, Bonifacio Angius voltou ao Festival de Cinema de Locarno para apresentar a sua mais recente e peculiar longa-metragem. “I giganti” é um retrato negro, cómico e decadente da masculinidade que está à beira da implosão. Sete anos depois do sucesso de “Perfidia”, o realizador assina não só a realização mas também o argumento, a direção de fotografia, a edição e a produção do seu novo filme. Um filme assumidamente independente sobre um grupo diversificado de amigos que decide passar a sua última noite juntos, numa atmosfera de hedonismo desenfreado. Uma noite que ocasionalmente lembra o mundo ruidoso de “A Grande Farra” de Marco Ferreri.O que distingue este seu mais recente filme é a liberdade com que o realizador conta esta história, cheia de fúria e raiva mas também de ternura, fragilidade e humor negro. “I giganti” é um filme intenso e inquietante que explora as consequências de querer pertencer ao grupo hegemónico masculino, de ter que renunciar às próprias fraquezas em nome de privilégios que de outra forma estariam fora de alcance.

Diabolik ataca novamente! Depois da adaptação mais colorida e camp de Mario Bava, a icónica personagem regressa numa adaptação mais clássica e fiel ao universo da banda desenhada, criado pelas irmãs Angela e Luciana Giussani. Os irmãos Mannetti dão uma nova vida ao ladrão mais fascinante e esquivo da história da banda desenhada. O popular duo de realizadores assina um thriller recheado de muita ação e mistério, construído como uma história de quadrinhos com personagens que parecem sair da caneta das irmãs Giussani. Com um ritmo muito próprio e discursivo, o filme de Marco e Antonio Manetti foca-se na história sombria e romântica do primeiro encontro entre Diabolik e Eva Kant num filme que é dominado pelas interpretações de Luca Marinelli e Miriam Leone.Esta nova adaptação é uma reconstrução elegante da banda desenhada que detém um certo charme retro, não só por ir buscar a sua inspiração às histórias originais concebidas pelas irmãs Giussani mas também pela vontade de homenagear os dramas televisivos do passado, produzidos no final dos anos 50, ou filmes como “Ladrão de Casaca” de Alfred Hitchcock.

The Challenge, de Yuri Ancarani A falcoaria tem uma história de pelo menos 40 séculos. No ocidente, era o desporto favorito da aristocracia medieval. Na cultura árabe contemporânea, o seu prestígio permanece inalterado. Yuri Ancarani atravessa o Golfo Pérsico para acompanhar um falcoeiro numa competição importante. Falcões, Ferraris, xeiques e chitas habitam este assombroso desfile de imagens impressionantes. Nesta meditação sobre o choque entre o antigo e o novo, Ancarani dá-nos acesso a um mundo secreto e bizarro de uma opulência surreal.Whipping Zombie, de Yuri AncaraniNuma remota vila haitiana existe uma dança com escravos e senhores, é o ritual do chicote zombie. Num estado de transe, durante uma música tocada pelas bandas raras, os homens chicoteiam e lutam até morrer e renascer num ciclo infinito. Kale Zonbi (Whipping Zombie) é o nome deste ritual único, filmado pela primeira vez, num paraíso onde é impossível esquecer o horror do passado.

Uma programação do PLAY - Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil de Lisboa, que nos dá a conhecer a trabalho de um dos mestres do cinema de animação Giulio Gianini, autor de grandes obras-primas realizadas em stop motion, e do autor Leo Lionni, criador de vários livros infantis. Um peixe é um peixe, Cornelius, Swimmy e Frederico são os heróis desta coleção de curtinhas, animais que se questionam e filosofam. Cinco fábulas poéticas com desenhos magníficos, adaptados dos livros do ilustrador Leo Lionni, que maravilham os mais pequenos e fazem sorrir os crescidos. Um Peixe é um Peixe (5')A amizade entre uma rã e um peixe. Uma rã conta ao peixinho as belezas da terra, e o peixinho, do fundo do seu lago, vai imaginando…. Eles são grandes amigos aprendendo a respeitar as leis da natureza. Cornelius (5')Um crocodilo habilidoso. Um crocodilo realiza uma proeza extraordinária: caminha apenas com duas patas! Assim Cornelius consegue ver mais longe do que os outros.É meu! (5')O prazer da partilha. Três rãs discutem sem parar. Um sapo dá-lhes um aviso: parem ou vão-se arrepender! Elas terão que se apoiar para ultrapassar uma tempestade.Swimmy (7')O prazer da descoberta. Swimmy é o único peixinho negro entre milhares de peixinhos vermelhos. Um dia apareceu um grande peixe, feroz e faminto…. A curiosidade e a coragem levam o Swimmy a enfrentar o perigo, juntando-se aos outros peixinhos, conquistando assim a liberdade.Frederico (7')Frederico, o ratinho pensador e a sua flor. Enquanto aos outros ratos do campo se abastecem de milho e avelãs para o inverno, Frederico, um ratinho muito especial, abastece-se de sol, cores e palavras. Os raios de sol para se aquecer durante o inverno frio, as cores para tornar colorida a estação mais cinzenta do ano e as palavras para aliviar o aborrecimento…

Um documentário rodado dentro do instituto psiquiátrico de Colorno, na província de Parma, que sublinha a intenção do psiquiatra Franco Basaglia e do político Mario Tommasini em não marginalizar as pessoas portadoras de doenças mentais. Tommasini, o responsável pela saúde pública na província comunista de Parma, em Itália, desenvolveu uma nova política para a psiquiatria: integrar as pessoas portadoras de doença mental na sociedade, em vez de ignorá-las e esquecê-las, o que era comum na época. Quando quis registar os resultados da sua nova e pioneira política, entrou em contacto com o realizador Marco Bellochio, que filmou este documentário com a cooperativa que formou. Matti da Slegare é, acima de tudo, um apelo contra todos os abusos na saúde pública e um dos exemplos verdadeiramente convincentes do cinema italiano militante, capaz de dissecar o tema da saúde mental com uma análise real que aproveita as experiências de sucesso na recuperação e integração dos doentes. O filme será acompanhado de debate com Marco Bellocchio (via zoom) e Silvano Agosti, que estará presente no festival.

Roma, 1943: Matilde, Cencio, Fulvio e Mario vivem como irmãos no circo de Israel. Quando Israel desaparece misteriosamente, talvez em fuga ou talvez capturado pelos nazis, os quatro são deixados sozinhos na cidade ocupada, mas os seus poderes sobrenaturais vão despertar a atenção de alguém, com um plano que poderá mudar o curso da história. Fulvio está coberto de pêlos da cabeça aos pés e tem uma força sobre-humana. Matilde é uma rapariga que consegue produzir energia e eletrocutar qualquer pessoa que lhe toque, tão elétrica que acende lâmpadas colocando-as na boca. Mario é um anão com capacidades de manipular qualquer objeto de metal. E Cencio, interpretado por Pietro Castellito, é um rapaz albino que consegue controlar os insetos à sua volta. Estes são os quatro heróis, cheios de verdade e pathos, de um universo imaginário construído à volta de um dos mais horríveis episódios da história da humanidade - a Segunda Guerra Mundial. Quando parecia que as aventuras de super-heróis já tinham sido exploradas de todas as maneiras, Gabrielle Mainetti regressa à realização, cinco anos depois de “O Meu Nome é Jeeg Robot”, para demonstrar que a criatividade dos italianos nos filmes de género é (quase) inigualável.

Encontro e debate com os realizadores Silvano Agosti (em presença) e Marco Bellocchio (em vídeo conferência), após a exibição do documentário Matti da Slegare, acerca do pensamento e obra de Franco Basaglia, psiquiatra que revolucionou esta prática médica, tendo como principal foco a não marginalização das pessoas portadoras de doenças mentais.

Escritor, poeta, dramaturgo, jornalista, soldado e patriota, Gabriele D’Annunzio foi o homem que inspirou Mussolini no processo de construção do Movimento Fascista Italiano. No entanto, a história de Il cattivo poeta começa nos últimos anos da vida do autor, em exílio, determinado a lutar contra a opressão fascista e sem abrir mão da sua liberdade de expressão. Embora Gabriele D'Annunzio aceite honras e nomeações de Mussolini, o Duce teme-o e envia um jovem militar para vigiar o 'poeta do mal'. No entanto, o poeta, mesmo velho e cansado, não perdeu as suas habilidades de sedução que encantarão o jovem soldado, a ponto de fazê-lo questionar-se sobre a sua verdade e a sua fé no fascismo. A estreia nas longas-metragens de Gianluca Jodice confronta a vitalidade distorcida e transgressora de um pecador, com a morte do pensamento livre e a vontade de agir de acordo com as próprias crenças. O ator Sergio Castellitto veste a pele de Gabriele D'Annunzio nesta parábola sobre poder e liberdade de pensamento com reflexos evidentes no presente.

Um menino iraquiano tenta cruzar a fronteira entre a Turquia e a Bulgária para chegar à Europa, mas é imediatamente parado na fronteira pelas forças policiais que muitas vezes se unem ao crime organizado. É então que foge para a floresta, numa luta pela sobrevivência. “Europa”, escrito e realizado pelo filho de um imigrante iraquiano e mãe italiana, fala-nos da experiência da migração. O realizador Haider Rashid elimina qualquer distância entre o espectador e o seu protagonista, lançando-nos numa experiência imersiva: sentimos o calor, a fome, a fadiga e, acima de tudo, o terror. Os inimigos aparecem de repente diante dos seus olhos e dos nossos, e são inimigos sem identidade, corpos armados sem nomes.Europa é quase um filme mudo, exceto pelos sons da respiração ofegante do protagonista e pelos tiros que ocasionalmente perfuram o silêncio da floresta. Cinematograficamente, a experiência de “Europa” evoca filmes como o húngaro “O Filho de Saúl”: uma jornada de obstáculos através do inferno, que sentimos com todos os cinco sentidos.

A falta de garantias sociais e a fragilidade económica são o ponto de partida da nova sátira de Pif, uma comédia original com um olhar crítico sobre o excesso de poder dado à tecnologia e aos algoritmos informáticos que marcam cada vez mais o ritmo da nossa vida. Arturo Giammareresi é um gerente que introduz na sua empresa um algoritmo para ajudar os funcionários a trabalhar menos e melhor. Porém, o algoritmo decide que o trabalho de Arturo é totalmente supérfluo e é despedido na hora. Além dos problemas no trabalho, também perde a namorada - porque outro algoritmo decide que o índice de afinidade do casal é negativo. O seu único consolo será Stella, um holograma que encarna (por assim dizer) todas as suas preferências, como se sempre o tivesse conhecido. Uma vez terminado o teste gratuito da aplicação, e incapaz de renovar a sua subscrição, será forçado a dar um passo em frente, em busca do amor real e da sua liberdade. Pif, pseudónimo de Pierfrancesco Diliberto e ex-repórter, documenta-se sobre as realidades contemporâneas visíveis a todos e constrói uma comédia inteligente, que cita filmes tão diferentes quanto Playtime - Vida Moderna” de Jacques Tati, ou o mais recente Her de Spike Jonze.

Uma história de iniciação masculina, violenta e destinada ao fracasso, que explode, arrastando a cidade de Veneza para um naufrágio psicadélico. O aclamado vídeo-artista e cineasta Yuri Ancarani mostra-nos Veneza como nunca vimos antes, numa experiência visual incrível e contemporânea. Este não é um filme sobre Veneza como um lugar de saudade, mas sobre as suas ruelas, sobre os vastos canais da lagoa. O cineasta Yuri Ancarani encontra aí a rara beleza da paisagem, habitada por um grupo de jovens cujo sentido da vida é participar em corridas de barco, vivendo num ritmo de adrenalina e ócio. Um filme com um olhar diferente sobre a juventude que perdeu o contato com o seu ambiente.O processo criativo de “Atlantide” durou cerca de quatro anos e a história foi concebida sem guião, permitindo que o filme fosse criado durante o processo de montagem, depois de anos a observar estes jovens, e usando os seus diálogos e vivências. A energia desta obra híbrida está na sua forma e originalidade, um trabalho cinematográfico experimental próximo da esfera artística que teve a honra de competir na secção Orizzonti do 78º Festival de Veneza.